sábado, 5 de fevereiro de 2011

Voz do Emerso por Rui Maia

A Voz e a Imagem como um coágulo.

Na linha temporal das nossas estórias, somos advertidos para os diferentes fenómenos artísticos em que o criador solta o seu inconsciente para os diferentes suportes e formas.
A imagem e o texto torna-se o selo universal da convenção cultural, enquanto o sonhador caminha no seu inconsciente. Toma a forma de um diálogo entre o criador e a criação, rompendo todas as formatações tradicionais do consciente e do visível.
O livro: “ A voz do emerso” revela a essência de uma voz entre os poemas do Alexandre Teixeira Mendes e as pinturas de Elisabete Pires Monteiro ao longo das páginas. Por outras palavras, e recorrendo aos anos 30 (surrealismo), a imagem torna-se um movimento visual sobre as suas linhas, como uma “forma de um espelho (o espelho do mundo do meu mundo) ”.
Quando as pessoas se encontram perante este espelho, há uma voz que entra no nosso inconsciente e que nos incentiva a entrar num mundo onde é exaltado o elemento como se fosse um “deus”. Não só poderemos ter essa percepção pela leitura de cada poema, mas poderemos observar através dos desenhos da Elisabete em que há uma exaltação a um elemento feminino que marca também a sua força.
Há uma libertação da lógica e da razão, que é transformado num coágulo que vai além da consciência quotidiana. Segundo Platão, as pessoas ficam em contacto com os dois tipos de realidades: a inteligível e a sensível. Cada pessoa só se encontra em contacto com este dois tipos de realidade quando está perante este “espelho” e num acto inconsciente entranhamo-nos enquanto vamos seguindo a voz que nos envolve. Quando estamos neste mundo exaltado, cria-se uma vivência única em que cada pessoa vai soltar as suas diversas emoções após o seu contacto. Neste momento, a voz que nos envolve, faz com que o nosso inconsciente absorva a essência deste mundo desformatado, em que as pessoas permanecem numa ligação do mundo real com o seu corpo mas a sua alma (o inconsciente) está no universo paralelo de uma vivência que nos foi exaltada.


Foto de Ana Luisa Pires Monteiro

Sem comentários: